Um método prático para orçar uma sondagem à percussão
O planejamento da sondagem à percussão (SPT) é realizado com base na NBR 8036, norma brasileira que versa sobre a programação de sondagem de simples reconhecimento para fundações de edifícios.
Há que se considerar, entretanto, que apesar de apresentar critérios aplicáveis para a estimativa da quantidade mínima de furos de sondagem, seja em caso de estudo de viabilidade, seja para a elaboração do projeto de fundação propriamente dito, a norma deixa a desejar quando o assunto é a estimativa da profundidade dos furos, motivo pelo qual serão recomendadas equações empíricas propostas por pesquisadores norte-americanos em detrimento às orientações da norma.
No que diz respeito à estimativa da quantidade mínima de furos de sondagem, o item 4.1.1.2 da NBR 8036 prega que,
As sondagens devem ser, no mínimo, de uma para cada 200 m² de área da projeção em planta do edifício, até 1200 m² de área. Entre 1200 m² e 2400 m² deve-se fazer uma sondagem para cada 400 m² que excederem de 1200 m². Acima de 2400 m² o número de sondagens deve ser fixado de acordo com o plano particular da construção. Em quaisquer circunstâncias o número mínimo de sondagens deve ser:
a) Dois para área da projeção em planta do edifício até 200 m²;
b) Três para área entre 200 m² e 400 m².
Para tornar as informações constantes no texto do item transcrito acima mais acessível, uma tabela pode ser apresentada correlacionando a área de projeção em planta e a quantidade mínima de furos:
No que diz respeito à estimativa das profundidades dos furos, o item 4.1.2.2 orienta que “As sondagens devem ser levadas até profundidade onde o solo não seja mais significativamente solicitado pelas cargas estruturais […]”. De modo complementar, o item 4.1.2.3 estabelece o gráfico apresentado abaixo como um guia para a estimativa dessas profundidades.
Onde:
q = é a pressão média sobre o terreno (peso do edifício dividido pela área em planta);
γ = peso específico médio estimado para os solos ao longo da profundidade em questão;
M = 0,1 = coeficiente decorrente do critério definido em 4.1.2.2 da NBR 8036
L = maior dimensão de um retângulo que circunscreve a planta da edificação
B = menor dimensão de um retângulo que circunscreve a planta da edificação
D = profundidade da sondagem
A análise crítica da figura apresentada acima nos permite refletir que a estimativa da profundidade da sondagem exige parâmetros que ainda não são conhecidos antes da execução da sondagem, como é o caso do peso específico médio do maciço ao longo da profundidade.
Tendo em vista a impossibilidade prática de utilização do gráfico apresentado no item 4.1.2.3 da NBR 8036, as equações propostas por Sowers e Sowers (1970) para uma estimativa grosseira da profundidade mínima da sondagem apresentam-se como alternativas viáveis para auxiliar o orçamento da sondagem de um terreno.
A menos que a rocha maciça seja encontrada antes, Sowers e Sowers (1970) apresentaram as seguintes equações para estimativa grosseira da profundidade (z) do furo de sondagem:
z = 3.(NP)ˆ0,7 – onde NP é o número de pavimentos da edificação leve de aço ou concreto
z = 6.(NP)ˆ0,7 – onde NP é o número de pavimentos da edificação pesada de aço ou concreto
Como se vê, diferente da norma brasileira, as equações propostas por Sowers e Sowers (1970) possuem argumento cuja estimativa é factível antes da realização da sondagem.
Se combinarmos, então, a estimativa da quantidade mínima de furos expressa na NBR 8036 com a estimativa da profundidade mínima fazendo uso das equações de Sowers e Sowers (1970), torna-se possível estimar os custos de uma sondagem a ser realizada. Veja o exemplo a seguir:
Um empreendimento de alto padrão caracterizado por um edifício com 19 pavimentos com 290 m² de projeção em planta precisa ser implantado em um determinado município. Sabendo-se que, nesta localidade hipotética, as empresas de prospecção geotécnica praticam o preço de R$60,00 por metro sondado (+ custo de mobilização de equipamentos), estime o investimento necessário para a programação de uma sondagem de simples reconhecimento:
Para 290 m² de projeção em planta, a NBR 8036 estabelece uma quantidade mínima de 3 furos. Considerando que NP=19 (19 pavimentos), a aplicação da segunda equação de Sowers e Sowers (1970) nos oferece a estimativa grosseira de 47,13 m para a profundidade mínima da sonda. Desta forma, excluído o custo cobrado pela mobilização dos equipamentos, o investimento na prospecção geotécnica a ser realizada fica estimado em (3 furos)x(47,13 m/furo)x(R$60,00/m)=R$8.483,40 (oito mil, quatrocentos e oitenta e três reais e quarenta centavos).
Trabalho científico citado no post: SOWERS, G.B.; SOWERS, G.F. Introductory Soil Mechanics and Foundations. Nova York: Macmillan, 1070.
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ResponderExcluirDe qual tabela vc se refere? Na norma citada tem tal tabela?
ExcluirOi Celis. Muito obrigado pelo seu comentário, ele me fez perceber que as imagens não haviam sido carregadas. Mas o post já foi atualizado, é só olhar a tabela acima.
ExcluirObrigada professor! Ao consultar a referida norma não tem a tabela, mas constam as informações necessárias sobre o assunto. Pelo q li, se tivesse 600 m² de área deveríamos ter o mínimo de 3 furos, pois seria 1 a cada 200 m² até 1.200 m²? No caso de 800 m² teríamos 4, para 1.000 m² seriam 5 e para 1.200 m² não seriam 6?
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