NBR 7190:2022 – O que muda com a nova norma de Estruturas de Madeira

 No dia 29 de junho de 2022 a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tornou pública a nova versão da Norma de Estruturas de Madeira, a NBR 7190, que agora está dividida em 7 partes! Isso mesmo, agora são 7 normas que, se adquiridas na sua totalidade junto à ABNT, custam exatos R$968,30. Não tá fácil ser projetista no Brasil.

A NBR 7190 existe desde 1945, ano da primeira publicação da norma que fora atualizada 6 anos depois, em 1951. De lá pra cá, a norma que versa sobre estruturas de madeiras já foi atualizada outras 3 vezes, sendo a última atualização a que aconteceu em junho de 2022, 25 anos depois da versão que estava em vigor.

Como é possível observar na linha do tempo, a norma de estruturas de madeira já ficou período de tempo maior sem sofrer atualização. A norma de 1951 só foi atualizada e 1982. E apesar do valor a ser investido no conjunto de normas ter aumentado, podemos considerar que muito se avançou com relação à antiga versão da mesma.

A NBR 7190 de 2022 que recebe o título principal de “Projeto de estruturas de madeira” agora se apresenta nas 7 partes listadas abaixo:

  • PARTE 1: Critérios de dimensionamento
  • PARTE 2: Métodos de ensaio para classificação visual e mecânica de peças estruturais de madeiras
  • PARTE 3: Métodos de ensaio para corpos de prova isentos de defeitos para madeiras de florestas
  • PARTE 4: Métodos de ensaio para caracterização de peças estruturais
  • PARTE 5: Métodos de ensaio para determinação da resistência e da rigidez de ligações com caracteres mecânicos
  • PARTE 6: Métodos de ensaios para caracterização de MLC estrutural
  • PARTE 7: Métodos de ensaios para caracterização de madeira lamelada colada cruzada estrutural

E se você está curioso para saber o valor e quantidade de páginas de cada umas das partes, aqui vai um resumo:

  • PARTE 1: R$309,40 (81 páginas)
  • PARTE 2: R$114,00 (15 páginas)
  • PARTE 3: R$186,40 (36 páginas)
  • PARTE 4: R$132,00 (19 páginas)
  • PARTE 5: R$67,20 (7 páginas)
  • PARTE 6: R$121,50 (18 páginas)
  • PARTE 7: R$159,30 (27 páginas)

No que diz respeito aos critérios de dimensionamento, uma das principais mudanças trazidas pela versão de 2022 é o fato de o coeficiente de modificação (kmod) ser agora obtido pelo produto de 2 (dois) coeficientes de modificação parciais (kmod1 e kmod2). Isso mesmo, o kmod3 foi extinto!

No novo texto da norma o kmod1 continua representando a classe de carregamento e o tipo de material. Do mesmo modo, o kmod2 continua representando a classe de umidade.

Como é possível observar nas tabelas para a determinação do Kmod1, o novo texto acrescenta uma coluna com informações relacionadas às ações variáveis principais da combinação e adiciona novos tipos de madeiras, como a roliça, a madeira lamelada colada (MLC) e a madeira lamelada colada cruzada (MLCC). Apesar dessas adições, os valores do Kmod1 trazidos na norma antiga são idênticos aos da tabela do novo texto.

No que diz respeito ao Kmod2, a nova norma passa a sugerir valores específico para cada classe de umidade. No caso das madeiras recompostas, o novo texto sugere valor de Kmod2 mais conservador para a classe de umidade 2 e menos conservador para a classe de umidade 3. Já no grupo da madeira serrada, a atualização da norma sugere valores mais conservadores para o Kmod2 que deve ser adotado nas classes de umidade 2 e 4.

No que tange às propriedades de rigidez das estruturas de madeira o novo texto agora estima o valor efetivo do módulo de deformação longitudinal pelo produto de Kmod1, Kmod2 e o valor médio do módulo de deformação longitudinal na compressão paralela às fibras.

O módulo de deformação transversal, por sua vez, é expresso por uma equação menos conservadora no novo texto. Agora, ele pode ser estimado pelo valor médio do módulo de deformação longitudinal na compressão paralela às fibras, dividido por 16 (e não mais por 20 como era antes).

Para os coeficientes minoradores de resistência, outra grande mudança! Nas verificações para o estado limite último de tração, o novo texto recomenda a utilização do coeficiente 1,4 e mantém o 1,8 apenas para as verificações de estados-limites decorrentes de tensão de cisalhamento.

Outro aspecto interessante é que o novo texto abandona a expressão “dicotiledônea” e passa a chamar essas espécies de folhosas. Na NBR 7190-1:2022 a palavra dicotiledônea não é mais encontrada, no entanto, a letra D passa a ser empregada para denotar as classes de resistência das dicotiledôneas…. ops! das madeiras folhosas!

Como é possível observar na tabela acima, os projetistas agora dispõem de uma quantidade maior de classes de resistências para testar e especificar em seus projetos de estruturas de madeira, devendo se atentar para o fato de que a classe das folhosas/dicotiledôneas deve ser apresentada com a letra D. Vamos relembrar quais eram as classes da antiga norma?

Esses foram os principais aspectos que mudaram com relação à antiga norma de Estruturas de Madeira. Vale lembrar que este post não esgota, nem tem a pretensão de esgotar a resenha completa com todas as alterações trazidas com a publicação da nova versão e restringe-se a uma comparação preliminar após a leitura da Parte 1 do novo conjunto de normas.

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