Superestimetiva de perda de aço com composições SINAPI [ALERTA]
Se você é engenheiro de estruturas e precisa orçar um projeto estrutural que desenvolveu para algum órgão público você já deve saber que deve utilizar, preferencialmente, as composições SINAPI na orçamentação da estrutura. No entanto, considerando as configurações default dos principais softwares de cálculo estrutural disponíveis no mercado brasileiro, é preciso ter cuidado para não superestimar a perda de aço.
Usualmente, se considera uma perda de 10% para corte e dobra das armaduras CA50 empregadas no concreto armado e alguns softwares de cálculo, como é o caso do Eberick, costuma quantificar o aço empregado na solução estrutural considerando 10% de perda. Ou seja, apresenta a quantidade de aço em kg já majorada em 10%.
No entanto, devemos nos atentar que as composições de custo do SINAPI para armação de estruturas de concreto armado já contemplam coeficientes de perda. Vejamos a seguir um exemplo de composição SINAPI intitulada ARMAÇÃO DE VIGA OU PILAR DE CONCRETO ARMADO UTILIZANDO AÇO CA50 DE 10,0 MM – MONTAGEM. Ao abrirmos a composição, é possível perceber que existe uma segunda composição dentro dela, intitulada CORTE E DOBRA DE AÇO CA-50 DIÂMETRO 10,0 MM , apresentada em kg e com coeficiente 1,0.
Apesar de o coeficiente da composição secundária ser 1,0 é preciso observar a composição de custos dela com atenção especial para o insumo principal, o aço CA-50 de 10mm. Dentro da composição secundária o insumo principal aparece com coeficiente igual a 1,11 (ou seja, o SINAPI já considera 11% de perda para barras com 10mm de diâmetro).
Tendo observado esses aspectos podemos concluir que, caso utilizemos os quantitativos majorados em 10% pelo Eberick para alimentar uma composição de custo de armação SINAPI nos estaremos, na verdade, considerando 22,1% de perda e não 10% (como quantifica o Eberick) ou 11% (como quantifica o SINAPI).
Além de aumentar o custo final da estrutura, orçar obras públicas sem zerar a perda considerada no software de cálculo estrutural ou sem adaptar a composição SINAPI para zerar a perda da composição pode gerar problemas sérios para o orçamentista caso alguma auditoria de órgão fiscalizador interprete o descuido como tentativa de superfaturar a estrutura.
Vale lembrar que as perdas consideradas pelo SINAPI variam de acordo com o diâmetro da barra. O post abaixo resume bem o coeficiente de perda por grupo de diâmetros de barras.
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